Sentada no silencio, ouvi uma voz ao fundo que contava historias,

- Eles bem queriam imitar-me. Mas eu era mais fino que eles, peguei num feijão fiz pontaria e timba. O safado entrou direitinho na garrafa cheia, sem entornar um bocadinho. Repeti a proeza mais algumas vezes, mas lá, os da taberna, continuavam sem conseguir.

De cabelos grisalhos e vestes puídas contava ao viajante do lado as historias de uma vida.

- Uma vez conheci dois viajantes. O Fortes e o Silva. E fui eu que lhes ensinei tudo. Chegamos a passar manhãs e tardes naquela taberna a conversar.

Imagino as horas que não haviam corrido desde o inicio do relatar daquelas aventuras. Cada uma prometia um mundo, e eu queria explora-lo.

Mas quando o meu mundo se havia virado para o dele ouvi-o ao longe:

- Então muito boa tarde menina.


E num flutuar de brisa o seu olhar cavalheiresco perdeu-se no meio da multidão apressada que saía do autocarro num passo incessante de tempo.





]Perdeste o brilho no olhar...
Mudamos.Todos mudamos um pouco

2 comentários:

Juca disse...

uma vez eu conheci dois caminhantes...

mudamos. todos mudamos um pouco: fazemos caminhos.

abraço muito grande.

Zoé Mourão disse...

A mudança é inevitável, como ser humanos ansiamo-la.
Está na nossa natureza.
Pouco nos prende a onde estamos, porque o desejo de conhecer novos mundos é mais forte.

Beijo enorme =)