23.01.10


Um dia decidi abrir a porta e deixar-te entrar. Mas não inteiramente, isso viria mais tarde, quando o vento soprasse mais forte.

Sentamo-nos no chão. E reviramos as páginas do meu inconsciente.

Mostrei-te o que tinha visto.
Deixaste que a tua alma sentisse a dor inteira, que havia sido minha. E compreendeste.
Então doeu-me um pouco menos.

Quando te tentei explicar a luz do pó do caminho ouviste-me.

Um dia tornaste-a tua. Pegaste no que era teu e partiste.

Agora podias perceber.

Com todas as coisas novas e estranhas que te dei fizeste casa.

Fizeste castelo das pedras que te dei. Amaste-as do mesmo modo que eu as amei. E quando uma delas se mostrava uma incognita, sentaste-a contigo à mesa, e procuraste ver o seu lado mais por dentro.


Com todas as coisas novas e estranhas e minhas que te dei fizeste casa.

Uma casa nossa.

1 comentário:

Sara disse...

Este teu pequeno fragmento está muito bonito tita :)