
A sua vida esvaziara-se de luz. E o candeeiro de palha rota carecia de vida. Agregara-se pó na sua vida, nos móveis e na poltrona.
Ganhara medo ao movimento excessivo das ruas. Os candeeiros apagados ofuscavam-lhe os olhos. Enojavam-na os lábios excessivamente rubros, as bochechas rosadas e os caracóis hipocritamente perfeitos das vizinhas. Não odiava a vida, perdera-lhe o gosto apenas.
Não conseguia esconder a ânsia que sentia ao ouvir o toque da campainha ou o arrastar do passo junto da sua porta. Mas assim que se apercebia que nada se iria aproximar da sua vida escurecia o rosto, que se tornava então cadavérico, e trancava a porta com rancor ao desprezo dos outros por aquela entrada. Talvez os assustasse o tapete coçado com um gato gordo e ruivo, que há muito havia perdido o focinho e a cauda. Ou talvez as folhas amontoadas de Outono. Ou as cartas de publicidade enganosa. – “Envie-nos o seu contacto e receberá, de imediato, tudo o que sempre desejou”.
Há coisas impossíveis de se reaver. Provavelmente se não nos esquecermos delas nunca as cheguemos a perder realmente.
[continuaçao do texto anterior...a faltarem ideias ---> help?!
Sem comentários:
Enviar um comentário